A Polícia Federal realizou, nesta quinta-feira (6/6), uma operação em diversos estados e no Distrito Federal para capturar foragidos da Operação Lesa Pátria. Entre os alvos dos mandados de prisão preventiva expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), estava Iraci Meugmi Nagoshi, uma professora aposentada de 71 anos com sérias dificuldades de locomoção.
Iraci, moradora de São Caetano do Sul, São Paulo, foi surpreendida em sua casa por policiais federais que a levaram novamente à prisão. A professora, que sofre de diabetes e problemas de mobilidade após uma cirurgia no fêmur, havia sido presa em janeiro de 2023 após se refugiar no Palácio do Planalto durante os tumultos de 8 de janeiro. Mesmo sem participação nos atos de vandalismo, ela foi condenada a 14 anos de prisão, e, após sete meses na Penitenciária Feminina do Distrito Federal — conhecida como Colmeia —, obteve liberdade provisória com uso de tornozeleira eletrônica em agosto do ano passado.
Durante sua detenção, Iraci sofreu sem acesso aos seus medicamentos, perdeu peso e apresentou crises de ansiedade e depressão. Sua saúde frágil se agravou após complicações de uma cirurgia, incluindo infecção urinária e trombose, o que a obriga a se locomover com a ajuda de um andador e a depender de uma série de medicamentos.
A decisão do STF de prender novamente uma idosa com tais condições de saúde levanta sérios questionamentos sobre a proporcionalidade e a humanidade da medida. “Ela teve complicações após a cirurgia e foi internada com infecção urinária e trombose”, relatou um familiar que preferiu não se identificar. “Atualmente, se locomove com apoio de um andador e precisa tomar seus remédios”, completou, expressando preocupação com o retorno da idosa ao cárcere.
A audiência de custódia de Iraci ocorreu na tarde desta quinta-feira (6) e resultou na manutenção de sua prisão, decisão que gera indignação e clama por uma revisão que leve em conta a condição de saúde da professora. É crucial que as autoridades judiciárias considerem o impacto humano de suas decisões, especialmente quando envolvem pessoas em situação de vulnerabilidade extrema.
A operação Lesa Pátria, em suas 27 fases, tem se concentrado em capturar indivíduos ligados aos atos de 8 de janeiro de 2023, mas a prisão de uma professora aposentada de 71 anos, debilitada e com sérias limitações de saúde, parece estar longe de refletir uma justiça equilibrada e compassiva.